27/02/2023
INOVAÇÃO
Expansão da produção de cacau no ES impulsiona inovação na cultura

Linhares segue líder absoluto na produção de cacau no Espírito Santo. Em 2021, segundo os últimos dados consolidados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elaborados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o município colheu 8,167 toneladas de amêndoas, o que representa 70,75% de toda a produção capixaba. Em todo o Estado foram colhidas 11. 544 toneladas.

 

Aos poucos, porém, e longe de fazer frente à hegemonia linharense, o cultivo do cacau está se expandido para outros municípios. Segundo colocado no ranking, São Mateus colheu, em 2019, 3,2% do cacau produzido no Espírito Santo. Em 2021, esse número passou para 5,44%. Colatina, terceiro maior produtor, saiu de 3%, em 2019, para 5,3%, em 2021. 

 

Os motivos para esse crescimento, segundo Lucas Calazans Santos, engenheiro agrônomo do Incaper, são muitos, entre eles a possibilidade de plantar cacau a pleno sol, modelo de plantio adotado fora da região de Mata Atlântica. 

 

 

“O aumento na produção de cacau é constante nos municípios. Temos vários relatos dos nossos técnicos sobre o entusiasmo dos produtores com a cultura. A possibilidade de plantar o cacau fora das áreas tradicionais, na cabruca, na margem dos rios, ou em lugares úmidos e baixadas, ajuda nesse crescimento e isso foi se desmistificando. Áreas irrigadas ou que tem um bom volume de chuva, mesmo que no morro, produz cacau. Hoje temos essa informação, antes não. E o cacau plantado a pleno sol ou nos sistemas agroflorestais é mais produtivo, o que representa maior lucratividade e desperta o interesse dos agricultores”, explica o engenheiro. 

 

 

Calazans destacou ainda outras razões para a busca pelo cultivo cacaueiro. “Muitos produtores quando percebem que o vizinho plantou e que deu certo resolvem investir. Outro fator é a longevidade. Assim como o café, o cacau pode ser guardado para ser vendido no momento mais oportuno. A possibilidade da produção de derivados, como o chocolate, o néctar e a polpa de cacau, também é um outro atrativo”.   

 

O futuro do cacau no ES passa pela inovação

A partir das demandas apontadas pelos cacuicultores entrevistados pelo pesquisador do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Sávio Berilli, durante pesquisa de campo em todas as regiões do Estado, em 2021, três ações em prol do desenvolvimento do cultivo de cacau estão sendo trabalhadas. 

 

“Nós saímos a campo e conversamos com quem produz, ouvimos as suas necessidades. Não tenho dúvida de que esse trabalho vai alavancar a cacauicultura do Espírito Santo. O projeto é uma forma de trazer aos produtores informações e soluções que antes não tinham, o que representa uma grande oportunidade para quem produz”, aponta o pesquisador. 

 

 

Entre os entraves listados pelos produtores está o alto custo da muda da fruta. Para sanar essa demanda será testada a viabilidade da criação de um substrato alternativo para produção de mudas. Leonardo Martinelli, técnico e pesquisador do Ifes, explica que a solução pode estar mais próxima do que se imagina.  

 

 

“Nossa região é altamente agrícola. Temos alto potencial de uso de resíduo da própria agricultura e da indústria, entre eles a casca de cacau, rica em alguns nutrientes como o potássio, muito demandado pela planta do cacau. E esses resíduos podem ser melhorados e solucionar esse que é um problema para os produtores”.  

 

 

Os trabalhos devem começar já no início de 2023 e serão desenvolvidos no Ifes de Itapina, em Colatina, e validados em viveiros. 

 

 

Outra proposta é o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias a partir dos derivados do cacau. O professor Márcio Vieira, responsável pela pesquisa, explica que uma possibilidade é o uso da casca úmida, que corresponde a cerca de 80% de toda fruta, e representa um alto risco fitossanitário para o desenvolvimento de “substâncias que podem ser usadas, por exemplo, pela indústria farmacêutica e cosmética”. 

 

 

Para capacitar os produtores rurais na fabricação de chocolate e outros produtos derivados do cacau, e assim agregar valor às amêndoas colhidas, outra ação do projeto é a criação de um laboratório maker para prototipagem de chocolate. “O foco é a geração de renda e o estímulo ao empreendedorismo. Queremos ajudar os produtores a terem renda com sua própria marca de chocolate e esses novos chocolates maker, novos produtores de chocolates, terão um papel fundamental na produção de cacau de qualidade”, afirma Geovani Alípio Silva, pesquisador do Ifes responsável pelo laboratório maker. A busca por novos produtos e o laboratório maker estão sendo feitos no Ifes campus Linhares. 

 

 

Todas as ações fazem parte do projeto de Fortalecimento da Agricultura Capixaba (FortAC), desenvolvido pela reitoria do Ifes com recursos de emendas parlamentares em diferentes culturas agrícolas de interesse para o Estado. O projeto começou em meados de 2022 e a previsão é que os resultados parciais sejam apresentados ao final de 12 meses do seu início.




Autor: Rosimeri Ronquetti
Fonte: CONEXÃO SAFRA











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