Durante a Segunda Guerra Mundial foi implantada no Paraná a primeira grande fábrica de papel de araucária, que serviu de exemplo para diversas fábricas menores na Região Sul, as quais ajudaram a dizimar as florestas da espécie.
Tanto, que elas tiveram de ser substituídas, a partir da década de 1960, por plantios de pínus, um tipo de pinheiro originário dos Estados Unidos, que por sinal aqui cresce melhor do que na origem. Ainda assim o seu crescimento é bem mais lento do que o eucalipto e por isso a área total plantada de pínus vem até diminuindo recentemente.
Nesta mesma época o IAC - Instituto Agronômico de Campinas pesquisou dezenas de espécies de bambu, comprovando a sua ótima qualidade para celulose e papel. A tecnologia foi aplicada com sucesso em fábricas de papel da Região Nordeste, onde o eucalipto e o pínus não encontraram clima adequado.
Também foi desenvolvido o papel de bagaço-de-cana, resíduo agrícola muito disponível no país, mas a sua produção teve pouca duração, devido à baixa qualidade deste tipo de papel.
Apesar dos avanços da nossa silvicultura, o total de florestas plantadas hoje ainda é relativamente pequeno e representa em torno de 8 milhões de hectares, ou menos de 1% da área do país. Atualmente a sua distribuição por espécies é muito desequilibrada, sendo 75% de eucalipto, 20% de pínus e apenas 5% de outras espécies, como acácia negra, usada para extrair o tanino, a seringueira e diversas espécies de madeiras nobres, usadas para construção e móveis.
No entanto, o dado animador é que dispomos de condições para ampliar em muito as áreas de plantio, que são: clima favorável, 200 milhões de hectares de terras cultiváveis, a melhor tecnologia genética, os mais baixos custos de produção florestal do mundo e uma crescente demanda do mercado mundial para produtos florestais.
Podemos, portanto, plantar e exportar muito mais, desenvolver novas espécies e equalizar melhor a participação de cada uma, diminuindo os riscos da monocultura. Também dispomos de uma área de 9 milhões de hectares de matas nativas com bambu ainda inexploradas na Região Norte (Acre), além de áreas menores e ainda não bem dimensionadas nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste.
O bambu é uma gramínea, que substitui a madeira em quase todas as aplicações e de modo mais sustentável
— Hans J. Kleine
Vale lembrar que o bambu é uma gramínea, que substitui a madeira em quase todas as aplicações e de modo mais sustentável, porque ele recupera áreas degradadas, permite colheitas sucessivas sem necessidade de replantio e cresce mais rápido até do que o eucalipto.
É a madeira do futuro, mas até agora ainda pouco aproveitada.
Também convém mencionar outro fator que deve impulsionar nossa silvicultura. São as mudanças climáticas do planeta, que tendem a favorecer formas alternativas de energia, como os biocombustíveis e a substituição de produtos fósseis, como petróleo e carvão mineral, por produtos de base florestal.
Os compromissos assumidos recentemente pelo Brasil no Acordo de Paris sobre o controle das emissões de gases do efeito estufa igualmente permitem antever a necessidade de maciços investimentos em novas áreas de florestas plantadas.
Vejo, portanto, um futuro cada dia mais promissor para a nossa silvicultura!
Hans J. Kleine - hjkleine@floripa.com.br
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