Um exemplo nesse sentido é a iniciativa pioneira Balde Cheio, lançada pela Embrapa em 1998 para oferecer treinamento e especialização técnica aos produtores de leite no campo, evoluiu nas últimas duas décadas para melhor atender às circunstâncias de mudança dos produtores, passando de palestras para sessões ou workshops práticos e até mesmo cursos online, na esteira da pandemia.
Isso ajudou a expandir a adoção de tecnologias como a irrigação de pastagens e práticas para recuperar a fertilidade do solo e a saúde animal, que melhoraram tanto a conservação do solo e da água, quanto a qualidade do leite e a segurança alimentar. Enquanto isso, os agricultores familiares que aderiram ao programa chegaram a triplicar a produção de leite.
Ao alavancar a forte liderança da Embrapa, o Brasil pode ajudar a ampliar este modelo de treinamento para outras regiões e países (como a expansão de iniciativas semelhantes na Colômbia e na Guatemala), e para outros produtos básicos e sistemas de produção, como o Bule Cheio, para café.
Na outra ponta da escala, a empolgante cultura de startups brasileiras está produzindo inovações como a Aqua, uma plataforma digital de monitoramento de irrigação desenvolvida pela Agrosmart, que foi inspirada pelo impacto da crise da água 2014-2016 no setor agrícola nacional.
Nos últimos cinco anos, a plataforma Aqua ajudou a economizar cerca de 40 bilhões de litros de água desperdiçados na irrigação e mais de 11 mil toneladas de gases de efeito estufa. Os agricultores relataram que a economia de eficiência reembolsou o valor da tecnologia no primeiro ano. Foi particularmente popular entre os clientes mais jovens e instruídos, que são mais alfabetizados digitalmente e conscientes sobre o potencial da tecnologia. A ferramenta que ajuda os agricultores a melhorar a sustentabilidade economizando água e energia expandiu sua operação na América Latina com a aquisição do BoosterAgro.
O principal aprendizado da Agrosmart é que o agrupamento de serviços como dados, ciência e previsão do tempo com treinamento pode ajudar a alcançar mais agricultores com tecnologia que pode melhorar a sustentabilidade das suas operações.
Finalmente, com mais sessões formativas e novas tecnologias, o Brasil pode fazer pleno uso dos benefícios dos sistemas integrados pecuários, silvícolas e de plantações.
A produção agrícola combinada de animais e plantações tem crescido em popularidade desde que o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 2009, pois o uso de certos cultivos pode ajudar a recuperar solos degradados e evitar emissões ligadas à conversão de fresh land (terrenos frescos, em português) para a agricultura.
Essa abordagem não só é fulcral para sustentar ecossistemas-chave no Brasil, incluindo o Cerrado, 60% do qual está degradado, mas também oferece uma oportunidade para armazenar carbono.
A porção de terra utilizada nos sistemas integrados de cultivo e pecuária aumentou em quase 6 milhões de hectares entre 2010 e 2015, armazenando 21,8 milhões de toneladas de CO2.
Equipar mais agricultores para adotar sistemas integrados de produção ajudaria a reutilizar mais terra, reduzir as emissões e continuar melhorando a produtividade, o que dará uma enorme contribuição para o cumprimento das metas climáticas do Brasil e do mundo.
Uma forte liderança, uma cultura de inovação e modelos testados para colocar a tecnologia nas mãos dos agricultores ajudou o Brasil a se tornar o celeiro do mundo. Esses mesmos valores podem ajudar o Brasil a liderar o mundo na produção sustentável de alimentos.
FONTE: CANAL RURAL |