O ganho de produtividade vem com o avanço da tecnologia no campo. Na fazenda da maior exportadora de mangas do país, localizada em Belém do São Francisco-PE, um drone sobrevoa o pomar para análise de floradas e mapeamento da área. O gerente corporativo da Agrodan, André Muritiba, diz quenos últimos dois anos registraram redução de 20% na aplicação de defensivos agrícolas, a partir do monitoramento online de pragas e doenças, o que torna a fruta mais saudável. "Temos certeza que as novas tecnologias, aliadas aos pilares de sustentabilidade, serão a chave para o bom crescimento do agronegócio”, afirma.
Em busca de novas tecnologias, a empresa investiu em parcerias com startups, lançando um desafio para o desenvolvimento de sua produção. “A inovação tecnológica tem um papel essencial para otimizar os rendimentos do agronegócio, em que existem milhões de dados sendo gerados diariamente no campo, são informações sobre o solo, água, condições climáticas, parâmetros agronômicos, etc. Todo esse potencial, precisa ser direcionado para geração de resultados, decisões ainda mais assertivas e sustentabilidade, pois lidamos com recursos cada vez mais escassos”, pontua Muritiba.
Um futuro que depende do Agro
A população mundial deve chegar a 10 bilhões de pessoas até 2050, segundo a ONU, exigindo mais produção de comida. O Brasil, que tem vocação natural para agropecuária por conta da sua estrutura geográfica, pode ser o protagonista do mercado no futuro, como um grande fornecedor de alimentos. Somente de grãos, o país deve produzir mais de 270 milhões de toneladas esse ano, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em torno de 12 milhões a mais do que o ano passado.
Os números tendem a se manter em alta. O diretor técnico adjunto da CNA, Reginaldo Minaré, diz que a estimativa pro futuro do agro brasileiro é muito otimista. “A gente acredita que com a incorporação de mais terras, que hoje são dedicadas às pastagens e muitas até um pouco degradadas, somada à produção de sementes mais produtivas, a estimativa é que a produção continuará aumentando. Mercado tem. Competência para produzir nós temos. E área para plantar a gente tem também sem precisar desmatar”, comenta.
O diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFV, Mário Chizotti, explica que o Brasil não apenas fornecerá alimentos, mas também desenvolverá novas tecnologias para outros países, atreladas à consciência ambiental, como energias mais limpas e sistemas agroflorestais. “Espera-se crescimento também na produção de fibras, de bioenergia e de papel. Florestas plantadas para produção de celulose também tendem a aumentar bastante, tendo em vista uma maior demanda esperada por produtos renováveis e embalagens”, projeta.
Esse mercado mais tecnológico demanda para as universidades a formação de profissionais conectados com a inovação. “A demanda pelos cursos de agronegócio ou relacionados a essa bioeconomia tem sido crescente, muito em função do bom resultado econômico do procedimento presente, a boa empregabilidade dos profissionais desse segmento e boas perspectivas de absorção dessa nova mão de obra capacitada para o uso dessas novas ferramentas tecnológicas”, comenta o diretor do CCA da UFV.